O cometa interestelar 3I/ATLAS, o terceiro objeto conhecido originário de fora do nosso Sistema Solar, protagonizou um dos eventos astronômicos mais intrigantes dos últimos dias ao atingir seu periélio – o ponto mais próximo do Sol – entre 29 e 30 de outubro de 2025. Detectado pela primeira vez em julho pelo sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), o corpo celeste acelerou de forma inesperada durante a passagem, exibindo um comportamento “não gravitacional” que desafia as leis da física newtoniana e reacende debates sobre possíveis origens artificiais. Especialistas garantem: não há risco para a Terra, mas o mistério pode redefinir nossa compreensão do cosmos.
Descoberto inicialmente como A11pl3Z em junho de 2025, o 3I/ATLAS seguiu uma trajetória hiperbólica, confirmando sua natureza interestelar – diferente dos cometas “locais” que orbitam o Sol em elipses fechadas. Com um núcleo estimado em tamanho semelhante a Manhattan e uma massa superior aos de seus predecessores, 1I/ʻOumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019), o cometa viaja a impressionantes 130 mil milhas por hora (209 mil km/h), a maior velocidade registrada para um visitante solar. Observações pré-descoberta revelaram que ele já estava ativo, expelindo gases a 6,4 unidades astronômicas (UA) do Sol, e sua detecção tardia pode ter sido causada pela passagem em frente ao denso campo estelar do Centro Galáctico.
Aceleração anômala: “Força desconhecida” ou efeito de foguete?
Nos últimos dias, o ponto alto do drama cósmico ocorreu quando o 3I/ATLAS, a 1,4 UA do Sol (próximo à órbita de Marte), demonstrou uma aceleração não explicada pela gravidade sozinha. Dados do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA indicam dois componentes: um empurrão radial afastando-o do Sol e outro lateral, resultando em uma perda potencial de massa equivalente a metade de seu volume em apenas seis meses, se impulsionado por ejeção de gases (efeito “foguete”). Relatos publicados em 31 de outubro destacam um aumento súbito de brilho e uma coloração azul incomum – oposta ao típico vermelho dos cometas – além de uma pluma de gás com proporção níquel-cianeto atípica.
O astrofísico de Harvard Avi Loeb, conhecido por hipóteses ousadas como a de que ʻOumuamua poderia ser uma sonda alienígena, não poupou especulações em artigos no Medium. “É a primeira evidência de aceleração não gravitacional no periélio”, escreveu Loeb, questionando se o cometa seria um ‘Cavalo de Troia’ – um artefato disfarçado de rocha natural com potencial ameaça interna, como uma nave-mãe liberando sondas. Ele alerta para um “cisne negro”: um evento imprevisível que poderia alterar o momento angular do objeto o suficiente para uma aproximação maior à Terra. Loeb até brincou em entrevistas: “Reservem suas férias para 29 de outubro – é o teste ácido”.
Observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelam uma composição rica em dióxido de carbono, com traços de gelo d’água, vapor d’água, monóxido de carbono e sulfeto de carbonila – elementos que sugerem origem no disco fino ou espesso da Via Láctea. Modelos indicam que o cometa pode ter bilhões de anos, possivelmente mais velho que o Sistema Solar (4,6 bilhões de anos), orbitando o centro galáctico por eras.
Curiosidades que fascinam: De predições místicas a observações espaciais
O 3I/ATLAS não é só ciência: virou febre nas redes sociais e mídias alternativas. No X (antigo Twitter), posts recentes especulam sobre “ativação” do cometa ao passar pelo Sol, com vídeos virais sugerindo conexões com OVNIs ou “mudanças na humanidade”. A vidente Mhoni Vidente, em transmissão da Unicable, previu que ele “marcará um antes e um depois no mundo”, enquanto astrônomos amadores debatem em fóruns do Reddit se sua fração elementar de metais (níquel-ferro) indica fração elementar incomum, evocando vieses científicos contra ideias “alienígenas”.
Curiosidades à parte:
- Idade cósmica: Pode ter 7 bilhões de anos, sobrevivendo eons em hibernação interestelar.
- Visibilidade: Não será visível a olho nu, mas telescópios terrestres o captarão até setembro de 2025; pós-periélio, reaparece em novembro.
- Encontro com Juice: A sonda europeia Juice (ESA) tentará observações em novembro, com dados chegando à Terra em fevereiro de 2026 – a visão mais próxima de seu estado “ativo”.
- Sem pânico: A NASA reforça: a 1,8 UA da Terra (270 milhões de km), é inofensivo, duas vezes a distância média ao Sol.
O que vem a seguir: Aproximação à Terra e o grande debate
Em 3 de novembro, o cometa passará a 97 milhões de km de Vênus, visível para a Juice. Sua maior proximidade com a Terra ocorre em 19 de dezembro de 2025, a 1,8 UA (267 milhões de km), quando Hubble e Webb terão a chance de ouro para escrutínio final. Até lá, o 3I/ATLAS continuará a outgassing, formando cauda e revelando segredos de outro sistema estelar.
Para Loeb, o alívio seria confirmar um “simples cometa gelado” – sem riscos à humanidade. Mas, como ele pondera: “A descoberta de um artefato extraterrestre resetaria nossas prioridades, nos tirando de conflitos terrestres para explorar o cosmos”. Enquanto isso, o mundo assiste: é rocha ou relíquia? Os próximos dias prometem respostas – ou mais mistérios.


















