Cruzeiro do Sul celebra um marco histórico: o Novenário de Nossa Senhora da Glória, a segunda maior festa religiosa da Amazônia, foi oficialmente reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Acre. A aprovação, feita por unanimidade pelo Conselho Estadual de Patrimônio Histórico, será publicada no Diário Oficial do Estado, na categoria de celebrações — tornando-se o primeiro bem cultural imaterial a seguir esse trâmite formal.
Com 107 edições realizadas, o Novenário é mais do que uma manifestação de fé: é um símbolo da identidade cultural acreana. O processo de reconhecimento foi conduzido pela historiadora e gestora de políticas públicas do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação de Cultura Elias Mansour, Iri Nobre, e levou mais de um ano.
Segundo a historiadora, o envolvimento da população foi essencial para o reconhecimento. “A Fundação de Cultura Elias Mansour não demanda esse tipo de registro por conta própria. É necessário que a comunidade solicite. E Cruzeiro do Sul está de parabéns, porque recebemos o pedido diretamente no gabinete do presidente da Fundação, professor Minoru Kinpara. Isso mostra o envolvimento da população na preservação de sua história”, destacou.
Além disso, a Catedral Nossa Senhora da Glória, símbolo de Cruzeiro do Sul e palco central das celebrações, também foi incluída no estudo. O Conselho recomendou a criação de um capítulo especial sobre o templo religioso, dada sua relação inseparável com o Novenário.
Com o registro, o Novenário passa a ser acompanhado anualmente por meio do Plano de Salvaguarda do Patrimônio, garantindo sua preservação e autenticidade. “Vamos verificar todos os anos se o evento mantém sua essência, ainda que possa receber melhorias e acréscimos. É importante que o Novenário continue reunindo famílias, movimentando o comércio, atraindo turistas e fortalecendo a fé. Agora, ele tem um respaldo documental que assegura sua preservação para as futuras gerações”, concluiu Iri.