Um terço dos moradores da Amazônia Legal, região que abrange nove estados brasileiros, incluindo o Acre, afirma já ter sentido os efeitos do aquecimento global. Além disso, 32% dos entrevistados disseram ter sido diretamente afetados pelas mudanças climáticas. Os dados são da pesquisa Mais Dados Mais Saúde, Clima e Saúde na Amazônia Legal, divulgada na última quarta-feira (8).
O levantamento, realizado pelas organizações de saúde Vital Strategies e Umane, com apoio do Instituto Devive, ouviu 4.037 pessoas entre maio e julho deste ano nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. O estudo mostra que povos tradicionais, como indígenas, ribeirinhos e extrativistas, estão entre os mais vulneráveis aos impactos climáticos. Entre os povos indígenas, o percentual de afetados sobe para 42,2%.
No Acre, que possui pouco mais de 800 mil habitantes segundo o Censo 2022 do IBGE, os grupos que vivem em áreas isoladas enfrentam maiores riscos devido à piora na qualidade da água, dificuldades na produção de alimentos e aumento de doenças relacionadas ao calor e à fumaça. Entre os grupos mais expostos estão os extrativistas (3,8% da população), os povos indígenas (2,3%) e os ribeirinhos (1,2%).
A pesquisa mostra ainda que 90,6% dos entrevistados acreditam que o planeta já passa por um processo de aquecimento global, e 88,4% reconhecem que as mudanças climáticas se intensificaram no Brasil e no mundo nos últimos dois anos. No Acre, a percepção é reforçada por eventos extremos cada vez mais frequentes, como ondas de calor, secas prolongadas e incêndios florestais, que afetam especialmente comunidades rurais.
Entre os efeitos mais mencionados pelos participantes estão o aumento da conta de energia elétrica (83,4%), elevação das temperaturas médias (82,4%), crescimento da poluição do ar (75%), maior ocorrência de desastres ambientais (74,4%) e alta nos preços dos alimentos (73%). Além disso, 64,7% relataram ter enfrentado ondas de calor e 29,2% afirmaram ter presenciado incêndios florestais com fumaça intensa nos últimos dois anos.
O estudo também aponta mudanças de comportamento entre os moradores da Amazônia Legal, como a adoção de práticas sustentáveis e o aumento na separação de resíduos recicláveis, em resposta à crise climática e aos desafios ambientais da região.

















