O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao governo do Amazonas a regularização imediata do ensino nas aldeias indígenas, por meio da contratação emergencial de professores e da elaboração de um calendário escolar intercultural específico para os anos letivos de 2025 e 2026. A medida tem como objetivo corrigir o déficit educacional enfrentado por estudantes que avançaram de série sem ter acesso efetivo às aulas.
A recomendação do MPF baseia-se em investigações que apontam a ausência de aulas, merenda escolar e material didático em diversas comunidades indígenas, especialmente nas terras dos povos Tanim do Igarapé Preto e do Vale do Javari. Em alguns casos, alunos do ensino médio passaram o ano letivo completo sem professores em sala de aula.
Diante do cenário de abandono educacional, cresce a migração de jovens indígenas para cidades como Cruzeiro do Sul (AC), Guajará, Benjamin Constant e Tabatinga (AM), em busca de acesso ao ensino médio regular. Lideranças indígenas alertam que esse êxodo forçado pode resultar no esvaziamento dos territórios e na ameaça à continuidade das culturas tradicionais.
“Estamos perdendo nossas crianças para as cidades. Isso sinaliza a extinção de nossas culturas sagradas”, afirmaram lideranças do povo Marubo em carta enviada ao MPF.
A Procuradoria também recomendou que não haja entraves na contratação de outros profissionais essenciais para o funcionamento das escolas em regiões de difícil acesso, como merendeiras, motoristas e pilotos de embarcações.
Redação Cipó News