O estado do Acre vive um momento crítico no setor da saúde pública. Mesmo diante do aumento dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), a cobertura vacinal contra a gripe continua muito abaixo do ideal. Dados recentes mostram que menos da metade da população prioritária foi imunizada, o que compromete os esforços para conter a disseminação da doença.
A baixa procura pela vacina ocorre em meio à superlotação das unidades de saúde, sobretudo nos hospitais que atendem crianças. Em Rio Branco, o Hospital Infantil Iolanda Costa e Silva enfrenta uma das piores situações: com 50 leitos disponíveis, a unidade já contabiliza mais de 50 crianças internadas por complicações respiratórias. As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátricas também estão sobrecarregadas, com taxa de ocupação superior a 60%.
O aumento nos casos de SRAG levou o governo estadual a decretar situação de emergência em saúde pública. A medida foi tomada para acelerar processos administrativos, facilitar compras emergenciais e ampliar a capacidade de atendimento nas unidades hospitalares. A crise afeta principalmente os grupos mais vulneráveis, como crianças menores de cinco anos e idosos, que formam a maior parte dos pacientes internados.
Diversos vírus respiratórios estão circulando simultaneamente no estado, entre eles a Influenza A e B, o vírus sincicial respiratório (VSR), o rinovírus e o próprio coronavírus. Essa combinação tem contribuído para o agravamento do quadro clínico de muitos pacientes e para o aumento da demanda por internações.
Apesar do cenário preocupante, a cobertura vacinal contra a Influenza ainda está muito aquém da meta estabelecida pelas autoridades de saúde, que é de 95% para os grupos prioritários. A média atual no Acre gira em torno de 43%, com alguns municípios apresentando índices ainda menores. Cidades como Porto Acre, Bujari, Epitaciolândia e Feijó figuram entre as que registram os piores percentuais de vacinação no estado.
Na capital Rio Branco, a adesão à vacina também não é animadora, com pouco mais de 46% do público-alvo vacinado até o momento. A baixa procura tem sido atribuída à desinformação, à falsa sensação de segurança por parte da população e à resistência à vacinação, que ainda persiste em alguns setores da sociedade.
A Secretaria Estadual de Saúde reforça que a vacina contra a gripe está disponível gratuitamente em todas as unidades básicas de saúde dos 22 municípios acreanos. A imunização é oferecida para todas as faixas etárias a partir dos seis meses de idade, com prioridade para gestantes, puérperas, idosos, trabalhadores da saúde, professores e pessoas com comorbidades.
O alerta das autoridades é claro: a vacina é uma das principais ferramentas para evitar a forma grave da gripe e reduzir o número de internações. Com o aumento das síndromes respiratórias, a imunização se torna ainda mais urgente para impedir que o sistema de saúde entre em colapso, especialmente com a aproximação do inverno amazônico, período em que os casos respiratórios costumam se intensificar.
Além de vacinar-se, os profissionais de saúde orientam a população a adotar cuidados básicos para evitar a transmissão de vírus respiratórios, como lavar as mãos frequentemente, evitar locais fechados e aglomerados, utilizar máscaras em ambientes hospitalares e manter a caderneta de vacinação atualizada.
A expectativa das autoridades é que, com campanhas mais intensas e o apoio da população, os índices de vacinação possam melhorar ao longo das próximas semanas. O cenário atual, no entanto, exige atenção, responsabilidade e ações imediatas, tanto por parte do poder público quanto da população.