No município de Porto Walter, a viagem da primeira-dama e secretária municipal de Saúde, Ana Flávia, ao Peru, para assistir à final da Copa Libertadores, ocorre em meio a denúncias internas de que servidores da Saúde estariam sendo retirados de suas funções essenciais para atuar na montagem da decoração natalina da cidade.
Segundo fontes ligadas à própria gestão municipal, uma parcela significativa de funcionários foi retirada das unidades de saúde e das atividades externas. Entre eles, agentes de endemias, responsáveis pelo combate e prevenção de doenças como dengue, zika e chikungunya, teriam sido deslocados das ruas para trabalhar na Casa do Papai Noel e na confecção e instalação de enfeites de Natal.
De acordo com os relatos internos, a decisão teria sido motivada pela falta de condições financeiras e de crédito da Prefeitura de Porto Walter para contratar diaristas ou equipes temporárias destinadas às atividades natalinas. Diante desse cenário, a gestão optou por utilizar servidores efetivos da Secretaria Municipal de Saúde, o que provocou insatisfação interna e acusações de desvio de função.
Servidores ouvidos pela reportagem, que pediram anonimato por receio de represálias, afirmam que a medida compromete o atendimento à população e enfraquece ações preventivas. “Nosso trabalho é cuidar da saúde da população. Retirar agentes das ruas nesse período aumenta significativamente os riscos sanitários”, relatou um agente de endemias.
A situação preocupa ainda mais por ocorrer em um período sensível para a saúde pública, quando ações de vigilância e prevenção são essenciais para conter a proliferação de doenças transmitidas por mosquitos.
Outro ponto que levanta questionamentos é a viagem internacional da secretária de Saúde. Até o momento, não há informação oficial se o deslocamento teve caráter pessoal ou institucional, nem se houve uso de recursos públicos. A ausência da gestora ocorre enquanto unidades de saúde, segundo servidores, operam com equipes reduzidas.
A reportagem procurou a Prefeitura de Porto Walter e a Secretaria Municipal de Saúde para esclarecer os fatos, incluindo a legalidade do uso de servidores da Saúde em atividades alheias às suas funções. Até o fechamento desta matéria, não houve resposta oficial. O espaço segue aberto para manifestação.
O caso reacende o debate sobre as prioridades da administração pública municipal, especialmente em um cenário de dificuldades financeiras e necessidade de manter serviços essenciais funcionando plenamente.

















