O homem que havia enviado áudios em grupos de WhatsApp se identificando como integrante do Comando Vermelho e ameaçando invadir um frigorífico em Xapuri, onde estavam dezenas de cabeças de gado apreendidas pela Operação Suçuarana, voltou atrás nas declarações. Em novos áudios divulgados nesta quinta-feira (19), ele se retrata, afirma que a facção criminosa não tem relação com o caso e pede desculpas pelo que disse anteriormente.
“Quero deixar bem claro que o Comando Vermelho não tem nada a ver com isso. Eu falei isso de cabeça quente, porque o Estado foi lá nas terras dos meus parentes e levou tudo. Fiquei revoltado, mas falei besteira”, afirmou.
Nos primeiros áudios, o homem dizia que “iria metralhar todo mundo” no frigorífico, o que levou preocupação às autoridades e aos funcionários do estabelecimento. Agora, ele justifica o tom agressivo como um momento de descontrole emocional diante da apreensão dos animais, que ele afirma pertencerem à sua família.
“Peço desculpas a todos. O pessoal do frigorífico pode ficar tranquilo. Sei que estão apenas cumprindo ordens do Estado. Usei palavras erradas por estar com a cabeça quente”, completou.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o gado apreendido foi retirado da Reserva Extrativista Chico Mendes por estar sendo criado ilegalmente em área de proteção federal. Os animais estavam sob custódia no frigorífico e seriam abatidos para abastecer a merenda escolar de crianças da região.
Ainda na madrugada de terça-feira (18), criminosos invadiram o local, destruíram parte do muro e arrombaram o cadeado. O ICMBio classificou o ato como uma tentativa de impedir a fiscalização ambiental e de obstruir a operação federal que visa coibir o desmatamento e a grilagem de terras públicas.
O proprietário do frigorífico, que vinha colaborando com as autoridades, relatou estar recebendo ameaças de morte. O caso está sendo investigado como crime federal. O ICMBio informou que está adotando todas as medidas legais para garantir a continuidade da operação e responsabilizar os autores das ameaças e da invasão.