O jornal O Globo publicou nesta semana uma reportagem sobre a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), destacando a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 8 de agosto e os efeitos do tarifaço imposto por Donald Trump às exportações brasileiras.
Segundo a publicação, produtores relataram ao presidente que parte da produção de castanha, antes destinada aos Estados Unidos, já está sendo redirecionada para a Europa e para os Emirados Árabes. A Cooperacre reúne mais de 3 mil famílias e impacta diretamente cerca de 26 mil pessoas no estado.
De acordo com Kássio Almada, gerente comercial da entidade, a medida norte-americana preocupa: “Esse mercado é superimportante. Não gera concorrência direta, pois os Estados Unidos não produzem castanha. Não entendemos essa tarifação”, afirmou.
Menos safra em 2025, mais incerteza para 2026
A reportagem explica que, neste ano, o redirecionamento só foi possível porque a safra de castanha caiu 70% em relação a 2024, o que facilitou a venda para outros países. A preocupação, segundo Almada, é com 2026, quando a expectativa é de colheita maior.
No ano passado, 45% das exportações da cooperativa foram para os EUA, em cerca de 40 embarques. Em 2025, até agora, apenas um carregamento seguiu para os americanos, enquanto oito embarques, com 140 toneladas, foram enviados à Europa e aos Emirados Árabes.
Almada criticou o fato de os Estados Unidos terem mantido tarifas sobre a castanha descascada e desidratada, excluindo apenas a castanha com casca: “Acho que foi um erro dos negociadores. Os Estados Unidos não têm aonde beneficiar, não têm como processar a castanha”.
Novos mercados e alternativas
Com a castanha representando 80% do faturamento, mas também atuando com borracha natural, palmito de pupunha, fruticultura e café, a Cooperacre aposta na diversificação. A China e países vizinhos aparecem como alternativas para evitar perdas com as barreiras tarifárias.
A exportação fica difícil, mas buscamos diversificar mercados internos e externos. O modelo da cooperativa agrega valor aos produtos da floresta, preserva o meio ambiente e gera renda e emprego para as comunidades, completou Almada.
Segundo o jornal, o programa federal Brasil Soberano ainda não será acionado pela cooperativa, mas o risco de excesso de safra em 2026 pode mudar esse cenário.

















