O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em parceria com a Polícia Militar, Polícia Civil e o Gaeco do Amazonas, deflagrou nesta quarta-feira (24) a Operação Custos Fidelis, que mirou um esquema milionário de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas e ao Comando Vermelho (CV). A ação atingiu diretamente a facção Família Teófilo Otoni (FTO), braço do CV em Minas Gerais, mas revelou conexões que alcançam diversos estados, inclusive o Acre.
Segundo as investigações, a organização criminosa funcionava como uma “empresa do crime”, com setores específicos para logística, finanças e ataques armados. Relatórios de inteligência apontaram que fornecedores do Amazonas abasteciam facções em estados como Goiás, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, São Paulo e também no Acre, evidenciando a presença da rede no território acreano.
A operação resultou em 48 mandados de prisão, 84 de busca e apreensão e no bloqueio de R$ 223,5 milhões em contas e criptoativos. Ao todo, o valor das transações ilegais identificadas ultrapassa R$ 18 bilhões. Foram ainda apreendidos oito veículos e determinado o bloqueio de um imóvel de luxo em Alagoas, avaliado em quase R$ 4 milhões.
De acordo com o MPMG, a facção usava empresas de fachada em setores como gás, internet, câmbio e principalmente o comércio atacadista de pescados. Essas companhias movimentavam cerca de R$ 25 milhões por ano, recebendo depósitos pulverizados de diferentes regiões do país, incluindo Rio Branco.
A promotora Ana Bárbara Canedo, do Gaeco de Governador Valadares, destacou que o Comando Vermelho criou um “verdadeiro atacado do tráfico”.
“Empresas amazonenses de fachada funcionavam como hubs nacionais de aquisição de drogas, recebendo valores de vários estados, inclusive do Acre, e depois faziam rápidas evasões financeiras por meio de criptoativos”, explicou à CNN.
Para as autoridades, a operação marca um passo importante no sufocamento econômico das facções.
“Mostramos que o crime organizado, além de violento, é altamente sofisticado no campo financeiro. O objetivo é cortar o fluxo que sustenta essa estrutura criminosa”, completou a promotora.