O projeto da ferrovia bioceânica, ambiciosa iniciativa que pretende ligar o Brasil ao Oceano Pacífico por meio do Peru, pode passar por uma mudança significativa no traçado previsto para o trecho brasileiro. A alteração envolve o estado do Acre, onde a rota deixaria de seguir pelo Alto Acre para acompanhar o eixo da BR-364 até Cruzeiro do Sul, com conexão à cidade peruana de Pucallpa, no Departamento de Ucayali.
A possível mudança foi destacada pelo jornal peruano El Comercio, com base em informações do plano ferroviário do governo do Peru. A proposta prevê a extensão da atual Ferrovia Central Andina, que hoje liga Cerro de Pasco à capital Lima, até Pucallpa — cidade localizada nas proximidades da fronteira com o Brasil.
O objetivo da modificação é facilitar a integração logística entre os dois países, encurtando distâncias e ampliando a conectividade entre diferentes regiões peruanas e brasileiras. Caso confirmada, a nova rota tornaria Cruzeiro do Sul um importante ponto estratégico na ligação comercial entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
A ferrovia está prevista para ser de tráfego misto (carga e passageiros), com 904 quilômetros de extensão e um custo estimado de US$ 14,38 bilhões. O traçado proposto cruzaria áreas costeiras, montanhosas e da floresta amazônica peruana, incluindo a construção de 51 quilômetros de pontes, 156 quilômetros de túneis e 97 quilômetros de viadutos — uma obra de grande complexidade técnica.
A bioceânica é vista como um dos principais projetos de infraestrutura da América do Sul, com potencial para impulsionar o comércio internacional, gerar empregos e fortalecer a integração regional. Ainda não há confirmação oficial sobre a alteração do trajeto no lado brasileiro, mas a proposta segue em análise nos dois países.