Na terceira noite do Festival da Farinha, realizada nesta sexta-feira, 29, em Cruzeiro do Sul, um marco histórico foi registrado para os povos indígenas da região: o lançamento da farinha Noquecuin, produzida pelo povo Katukina, a única etnia indígena do município.
A jovem produtora Andreia explicou que o projeto busca valorizar a tradição e, ao mesmo tempo, dialogar com a inovação.
“Hoje, através de um projeto importante dentro da terra indígena, os jovens produtores, representados pelo Clemer, estão mostrando nossa farinha. A etnia Katukina não poderia deixar de estar presente no Festival da Farinha, trazendo a tecnologia indígena e mantendo viva nossa cultura”, ressaltou.
Sobre a produção, o jovem Clemer destacou que a feira também é espaço de aprendizado e cooperação entre os produtores.
“No roçado, o trabalho é em família, mas na colheita contamos com toda a comunidade. O Festival da Farinha é uma oportunidade de mostrar nosso trabalho e, ao mesmo tempo, aprender com outros produtores. A forma de fazer farinha mudou bastante, e estamos nos adaptando”, afirmou.
Andreia também ressaltou que os povos originários estão conciliando tradição e tecnologia para aumentar a escala e a qualidade da produção.
“O roçado é tradicional, mas a casa de farinha já conta com equipamentos modernos, permitindo maior produtividade. Eu administro a associação OGPM, que incentiva mais de dez casas de farinha. Clemer representa a aldeia Pinochoia nesse projeto de valorização cultural e produtiva”, concluiu.
O lançamento da farinha Noquecuin simboliza não apenas a preservação de uma identidade ancestral, mas também a abertura de novos caminhos para os povos indígenas do Acre no cenário da produção agrícola.